Autora: Maria Eduarda Trennepohl Souza

Orientador: Felipe Augusto Dutra Correa.
Co-orientadora: Keith Bullia da Fonseca Simas.

Título: Invisibilidade sexual em cadastros individuais: Um estudo com Agentes Comunitários de Saúde

O debate de gênero e sexualidade, além de sua influência no processo saúde-doença, é imprescindível na Atenção Primária à Saúde (APS). Sua abordagem inicial se dá por meio do preenchimento da Ficha de Cadastro Individual do Cidadão, instrumento de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), através de questões facultativas sobre a identidade de gênero (IG) e orientação sexual (OS) do morador. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é investigar os fatores associados ao ato de questionar ou não questionar os itens IG e OS em uma amostra de ACS. Trata-se um estudo transversal de caráter quantitativo e descritivo, cujas coletas de dados foram obtidas através de um questionário auto aplicável direcionado a ACS vinculados às Unidades de Saúde da Família do programa de residência do projeto Territórios Integrados de Atenção à Saúde, uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e Fundação Oswaldo Cruz. Participaram do estudo 118 ACS, dos quais 22,9% não souberam dizer qual é sua IG e 80,5% nunca, rara ou ocasionalmente questionam a IG e OS ao cadastrar os moradores. Outrossim, 72,8% e 61% declararam saber nada, pouco ou “mais ou menos” sobre IG e OS, respectivamente. Houve associação positiva significativa entre a frequência com que a temática é abordada com os ACS e a frequência com que perguntam a IG e a OS dos moradores (OR=6,45; IC95%: 1,33-31,21), p<0,05. Portanto, os resultados obtidos neste estudo fornecem dados significativos sobre a importância da educação permanente em saúde enquanto prática promotora de equidade no atendimento de pessoas LGBTQIAP+ no âmbito da APS.

Palavras chaves: Atenção Primária à Saúde. Agente Comunitário de Saúde. Identidade de gênero. Orientação sexual. População LGBTQIA+